Pequenos desastres

Nos meus fragmentos,

o que restou dos meus desastres,

peças de um quebra-cabeças,

contas de uma pulseira partida,

pedaços de um espelho quebrado,

sementes pedidas de uma saca,

farelos de um cookie dado aos pássaros,

gotas de uma breve chuva na janela,

em cada pingo a letra de uma história,

alfabeto incompleto de não ditos,

talvez ninguém nunca venha a ler,

talvez borre nos passos sobre o assoalho,

papéis esquecidos em uma velha arca,

quem irá lembrar da existência em confetes?

recortes de um antigo mural de idealizações,

notas perdidas de melodias esquecidas,

rabiscos de meus pequenos desastres,

sentimentos que se estilhaçaram como cristal

na tentativa de encontrar uma verdade real,

em um campo cheio de minas e explosões,

com olhos cegos conduzindo a jornada,

o final de certo jamais poderia ser diferente,

apenas esses pequenos desastres entalhados,

gravações na madeira da varanda, sinais dos tempos,

de quando eu esperançava que tudo iria ficar bem...