A dor era uma tempestade de espinhos
que desabava no coração violentamente.
Estourava os diques das emoções represadas
e inundava de lágrimas o leito da alma.
Agonia que machucava os sentimentos,
pisava em todas as lembranças,
como se nada representassem.
Naquele turbilhão, ventania desvairada,
via a vida passando pelas horas a fio.
Não tinha vontade de saboreá-la,
sentia ainda na boca o gosto amargo da separação.
Amor e ódio eram frutos no espaço daquela convivência.
Ainda se via numa guerra interna.
Tinha amado? Odiado? Não sabia!
Caminhava só no lamaçal daquela dor.
Tudo era sombrio!
Tudo era nada!
Às vezes, queria voltar no tempo, fazer tudo de outra forma.
Tarde demais!
Caminhou por algum tempo amargando imensa tristeza.
Era uma herança de ambos.
Depois, só dela.
Hoje vive livre daquela dor.
(Cida Vieira)