Conformidade

Palavras que se repetem ao longo dos dias

E que serão usadas até a exaustão.

Sentimentos cíclicos que acenam a vinda e a volta,

Mãos abertas que soltam qualquer interpretação.

Um véu igualitário, escondendo qualquer retalho

Que constitui diferente opinião.

Uma reta pavimentada, sinalizada,

Finalizada; sem contra mão.

As invenções deixamos para os mais jovens,

Já que os adultos se alimentam apenas de raiva e pão.

Sovados por punhos firmes porém cansados

Assados num forno cujo nome vem em certidão.

Os passos lembrados serão apenas os errados,

Já que andar corretamente é mera obrigação.

A ponta do chicote rasga o lombo em cortes

Que pulsam como lembranças; orientações.

O comboio ao lado é um pouco melhor governado,

Mas os vidros sujos dificultam a observação.

Os altos ruídos que penetram aos ouvidos são incessantes,

Sussurrando a todos em uníssono e em alto e bom som.

Conformidade é o remédio do desajeitado:

Três comprimidos pela manhã antes do desjejum.

Receitas assinadas as pressas, entregues na praça

Quando ali alguém passa; para qualquer um.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 28/05/2024
Código do texto: T8073178
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