Conformidade
Palavras que se repetem ao longo dos dias
E que serão usadas até a exaustão.
Sentimentos cíclicos que acenam a vinda e a volta,
Mãos abertas que soltam qualquer interpretação.
Um véu igualitário, escondendo qualquer retalho
Que constitui diferente opinião.
Uma reta pavimentada, sinalizada,
Finalizada; sem contra mão.
As invenções deixamos para os mais jovens,
Já que os adultos se alimentam apenas de raiva e pão.
Sovados por punhos firmes porém cansados
Assados num forno cujo nome vem em certidão.
Os passos lembrados serão apenas os errados,
Já que andar corretamente é mera obrigação.
A ponta do chicote rasga o lombo em cortes
Que pulsam como lembranças; orientações.
O comboio ao lado é um pouco melhor governado,
Mas os vidros sujos dificultam a observação.
Os altos ruídos que penetram aos ouvidos são incessantes,
Sussurrando a todos em uníssono e em alto e bom som.
Conformidade é o remédio do desajeitado:
Três comprimidos pela manhã antes do desjejum.
Receitas assinadas as pressas, entregues na praça
Quando ali alguém passa; para qualquer um.