CHOVE LÁ FORA
O rio, o Rio Grande do Sul...
Ele não precisava ser tão grande.
Nem tão longo nem tão largo, nem tão cheio.
Assim, tudo ficou tão cinza, tão triste, e tão feio...
Não precisava levar o que era alheio:
Casas, móveis, automóveis, vidas.
Deixar nossa gente tão perdida,
Sem lar, sem teto e sem comida.
Nos levou a viver da caridade.
Chega a ser incoerente, dá pra ver,
Tanta água assim, de repente,
E nos falta água até para beber.
Quem nos devolverá nossa cidade?
Nosso trabalho, nosso emprego, nossa lida?
Nossos amigos nossos filhos?
Tudo está fora dos trilhos.