O tempo...

Ai de mim,

que não creio mais no amanhecer,

e vago perdida

pelos quatro cantos da Terra!

Ai de mim,

que carrego nos ombros o mundo,

levo as pás do moinho,

suporto em meus olhos a chuva

que não mais inunda

a este solo infértil!

Empurro com minhas mãos

— e com que força —

os ponteiros deste relógio,

enquanto as horas

passam sem ter fim...

MInhas mãos

magoadas pelo tempo...

eu sou o leme da embarcação!

Ai de mim,

que não creio mais no amanhecer

e meus prantos

são como os da chuva,

que não mais inunda

a este solo infértil!

Tirai de mim

esta angústia!

Ai de mim,

ela se aproxima

e terei que vos dizer, Adeus!

Eu vaguei

pelos quatro cantos da Terra

e perdi,

sem jamais me encontrar!