CRISTAL
Quero dizer coisas que já sabes
Olhar teu silêncio sorrindo sensatez
Não há um dia que não reviva outros trezentos dias tua existência
[horizonte que revisto
Tu, matéria dissipada
No céu e no tempo desgastado na meia noite
[carregamento de traços teus
É assim a forma que revelo um grau de uma tristeza
Mas também de um permanecer
Já que tudo em mim é movimento
Te levo comigo para que não fiques esquecido no tempo da tua partida
Essa interrupção irremediável
[razão de meu descontentamento
A vida se exagerou
É suportável em alguns segundos de uma hora
E a tua voz eu guardo
[ressonância diária
Não é mais somente nas lágrimas que tu desmaia falecido novecentas vezes mais a minha frente
A morte sabe bem matar quem tende a viver enfrentando o seu itinerário de perdas
Estabeleço uma conexão para que não te afaste
Chamo para que não me deixe
Para que mesmo sem resposta me escute
Me arrependo não ter dito mais vezes o amor que habitava tranquilo e manso comigo
Ah, quando te senti morrendo já era uma noite
Escura toda a palavra e futuro em meu ser
Tanto te sigo compartilhando
[bobagens minhas, bagagens minhas
E de ti só tenho mais formas e faces da mesma morte
Talvez tenha vivido três séculos de dor naquele dia
E você podia imaginar que eu poderia reestruturar e foi
Sem escolhas
Nada além da memória das rupturas
Me rompes um futuro
Me sorri uma foto tua.