Torrente
Não é Veneza,
É alagamento da beleza,
Rural e urbana,
Onde não baixa,
Tudo é lama,
Tragédia e drama,
O quanto vale a vida humana?
Em um Porto Alegre,
Tristeza atracou de repente,
O rio que sobe,
Inunda não só as ruas,
Mas o corpo e alma de gente,
Toda esta trama,
Arquitetada por descrentes,
Que fazem da política,
Moeda de troca,
Enchendo os cofres dos indulgentes.
A água invade as casas,
Derruba portas, paredes,
Todas lembranças se perdem,
Em lodo,
Lama corrente,
Telhados são habitados,
O desespero é frequente,
E todos olham aos céus,
Chuva não para,
E cai,
De uma forma,
Torrente.
Ilhados,
Desabrigados,
Corpos de gente inocente,
Ajuda de voluntários,
Anjos sem asas,
Volta a esperança,
No humano,
Quase Santos,
Pessoas proeminentes.
Mas a maldade que é sempre frequente,
Saqueia lares,
Roubam,
Tudo aquilo que não os pertences,
Tragédia humana,
Tirando o pouco,
Tão indiferentes,
Fatalidade,
É oportunidade,
Para quem o mau,
Tem valor,
É uma vertente.
Um sul em águas,
Um norte em chamas,
Politicagem nas redes,
E a mentira deita,
Pois seguidores doentes,
Montam a cama.
Mobilização civil,
Para sanear,
O desespero desse povo,
Esquecido por lá,
A água tá subindo,
Se esperar do poder público,
Todos vamos nos afogar.