ABANDONO
Sabe aquele olhar, que mesmo a centímetros de nós não nos enxerga?
Sabe aquele corpo que passa e parece pretender nos atravessar?
Sabe aquela jura de amor que diz ser nossa, e ao mesmo tempo a nós não se entrega?
Sabe aquela frieza que a expressão do olhar, nem consegue disfarçar?
Sabe aquele beijo sem o sal da paixão e com sabor de obrigação?
Sabe aquele abraço que não queima e nem expressa saudade?
Sabe aqueles toques noturnos sem qualquer emoção?
Sabe aquela sensação de que não temos cérebro, apesar da idade?
Sabe aquele sincero perdão que nunca teve o seu devido valor?
Sabe aquele gesto apaixonado que nunca foi de fato notado?
Sabe aquele erro que poderia ser vencido, se de fato houvesse amor?
Sabe aquela sensação de que o presente ainda encena o passado?
Sabe aquela percepção de que o teto não nos cobre?
Sabe aquele fel, que humilha meu coração, de tão ruim?
Sabe aquele abandono cruel, que nem tua presença resolve?
Sabe, eu te peço perdão, e confesso: me sinto assim!