ABANDONO

Sabe aquele olhar, que mesmo a centímetros de nós não nos enxerga?

Sabe aquele corpo que passa e parece pretender nos atravessar?

Sabe aquela jura de amor que diz ser nossa, e ao mesmo tempo a nós não se entrega?

Sabe aquela frieza que a expressão do olhar, nem consegue disfarçar?

Sabe aquele beijo sem o sal da paixão e com sabor de obrigação?

Sabe aquele abraço que não queima e nem expressa saudade?

Sabe aqueles toques noturnos sem qualquer emoção?

Sabe aquela sensação de que não temos cérebro, apesar da idade?

Sabe aquele sincero perdão que nunca teve o seu devido valor?

Sabe aquele gesto apaixonado que nunca foi de fato notado?

Sabe aquele erro que poderia ser vencido, se de fato houvesse amor?

Sabe aquela sensação de que o presente ainda encena o passado?

Sabe aquela percepção de que o teto não nos cobre?

Sabe aquele fel, que humilha meu coração, de tão ruim?

Sabe aquele abandono cruel, que nem tua presença resolve?

Sabe, eu te peço perdão, e confesso: me sinto assim!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 06/01/2008
Reeditado em 13/01/2012
Código do texto: T805759
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