Monólogo do coração
O que dizemos pode magoar
O que fazemos pode também
Mas nem sempre sabemos
o quanto magoamos aquele alguém
Mesmo que lhe conheçamos
Mesmo que nos tenhamos precavido com simulações
Imprevisíveis que foram suas reações às palavras ou gestos
Mesmo que façamos empatias
A mágoa é quase sempre uma decepção
Uma dor pelas expectativas frustradas
Pela surpresa de uma negativa indesejada
Sobretudo, inesperada
É o oposto do prazer
É um desgosto abruto de intensidade variável
Não há muito a fazer naquele instante
O estrago está feito
Foi deflagrada a guerra de emoções
Mesmo o silêncio, dói
Às vezes, mais que o choro ou a reação falada
Os olhares não correspondem aos gritos da alma
Os semblantes não conseguem traduzir o sofrimento
O tempo se arrasta quanto maior seja o caso
Não há cenário dos lados
Só um corredor à meia luz por onde se rasteja pesado
A mente grava inconsciente os sons da ocasião
Para lembranças futuras
Para que a marca permaneça
“O pedido de perdão e um abraço forte e sincero
é tudo é tudo que eu mais quero”.
É o que vai ao coração.