Cicatrizes

E naquele momento

senti o calor.

Como chama a tomar conta

de todo o meu corpo.

A ardência

doendo na carne;

a pele suada,

fervilhante;

a garganta tomada

pelo grito da dor.

Encolho-me como

criança em ventre materno;

busco um colo que não existe.

A solidão invade,

desespero da alma vazia.

Um negro vazio

ao redor de mim,

silêncio.

É mais forte que

a vontade

de resistir.

Talvez uma loucura

inconsciente;

insana vontade de querer

e ao mesmo tempo

odiar.

Perde-se

a noção, razão,

direção.

Perdida em

em um mundo de ilusão.

O caos desse viver insano

buscando o impossível.

Restam marcas,

cicatrizes...

Eternas tristezas

cravadas

na linha da vida.

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 03/12/2005
Código do texto: T80467