SEM ASAS

 

Não adianta dizer,

Que esse sou eu,

Que eu não tenho medo do breu,

Que não aconteceu nada,

Na angústia de ser.

Não adianta nada,

A luz da alvorada,

A poetizada atmosfera,

Desejar uma quimera,

Que não existe mais.

Não adianta o barco no cais,

Exposto aos danos dos dias,

Se o afã é de se envolver,

Com a pelágica travessia.

Não adianta cantar,

Uma canção de amor,

Tentar transpor,

A solitária condição,

Ignorar os traumas,

Massagear a alma,

O coração.

Não adianta recolher,

Os fragmentos,

Atender ao convite do vento,

Sair do mesmo lugar,

Se a dor que não se mede,

Me impede,

                    De voar...