Poesias que me reescrevem

*

Na noite em que o sentimento

Ultrapassa a alma,

E rasga a pele,

Eu sento e choro.

- Choro porque estou só.

Choro porque alivia o desgosto

Distribuindo a dor em lágrimas

Por outros membros do meu corpo-.

No momento em que sinto

Que essa raiva me estrangula

Que essa solidão agride

E que essa covarde depressão me domina;

Eu desisto de repensar a vida.

-Não fumo mais, porque não há mais fantasia

Em ver na fumaça que se esvai

Alguma possível saída-.

Hoje, não me entrego

aos delírios da embriaguez;

(Que me rendem uma ressaca na manhã seguinte.)

Nem me perco mais em

livros de auto-ajuda;

(Não conseguirei mesmo me tornar Buda.)

Tudo o que me supre nessa noite

Em que solitariamente despedaço-me

São as minhas poesias...

- Que perto assim de mim,

Comportam-se como amigas.

Não tem críticas a me tecer.

Fazem-me companhia-.

Nem cedem ao sono

Quando necessito que estejam perto.

E são estas (porcarias) poéticas que escrevo,

Que me deixam menos aflita

- Será que não conseguiria usá-las

E reescrever a minha vida?-

(Jessiely)