Samba em dó
Oi meu bem,
Passei sob a indiferença,
Mal me notaram a presença,
Nem marquei o meu lugar,
Pra ficar.
Veja bem,
Eu rasguei todos meus planos,
Nem sei se foi por engano,
Do sonho tive que acordar,
Despertar.
Corri atrás do que não é meu,
Buscando algum apogeu,
Claro,
Não aconteceu,
Só me restou lamentar,
E chorar.
Quis me vingar de Orfeu,
Por um erro que foi meu,
E o que plantei morreu,
Sem eu pode coletar,
Desfrutar.
Larguei a vida no mato,
E vim morar na cidade,
Choro a dor da saudade,
Que insiste em machucar,
Faz lembrar.
Dessa tal felicidade,
Perdida na mocidade,
Que hoje vivo a procurar,
E pra lá não pude voltar,
Retornar.
A vida que bate sem drama,
Série que não se acompanha,
Lamento em forma de samba,
Cavaco em choro sem fim,
Banjo, lamenta por mim,
Sem tocar.
Compositor sem enredo,
Intérprete do desassossego,
Notas em dó é maior,
Difícil,
Não vamos tocar,
Só versar.