O Monstro que me Habita
Dentro de mim tem um monstro,
Um monstro que guardei bem no fundo,
Onde nos pensamentos eu o acorrentei,
E nos sentimentos o amordacei.
No silêncio profundo em que o mergulhei,
Ouço seu grito do desespero que lhe dei,
Clamando pela liberdade que eu lhe neguei,
Lutando pela sua voz que eu lhe tirei.
Esse monstro se afoga nas lágrimas que lhe dei,
Se engasga nas mágoas que dentro de mim deixei,
Se alimenta de tudo aquilo que eu não expressei,
E se fortalece a cada momento que não falei,
Ele cresce dentro de mim como hera que por anos cultivei,
Preenche todos os vazios e recantos que deixei,
Se agarra em meus pensamentos e faz esquecer quem me tornei,
Por vezes não sei se o monstro sou eu, ou se fui eu que o criei.
Dentro de mim ainda fortaleço o monstro que abriguei,
Algumas vezes as correntes não seguram aquele que ignorei,
E o monstro sedento toma conta de todo meu ser,
Desfazendo e destruindo todos os planos que planejei.
Sem que eu perceba, ele sai para fora, olha em volta o mundo que inventei,
Indignado, rasga todos os poemas e versos que criei,
Desconstruindo os muros e desfazendo tudo aquilo que sonhei,
Por fim, deixa em mim os restos daquilo que me tornei.