in-ver-ti-da

tenho um coração invertido

– minha quase certeza!

não sinto como os outros

porque dificilmente sinto

ou o que sinto é ilusão

de um coração que deseja

SENTIR

e nunca toca no sentimento

uma crise de identidade

um mergulho louco entre

fazer o que devo

pensar o que quero

e esse tal de sentido que

não me abala nenhum pouco

a brisa é apenas a brisa

e não a bailarina em minha face

a árvore é apenas a árvore

e não o mundo misterioso de outras civilizações

o céu é só o céu

e não o paraíso de outrora

a lua, coitada, tão desmantelada, pálida

sem luz própria

é apenas um satélite gravitando seu planeta

e a Terra… é esta bagunça

vista pelos olhos nublados de um alguém

tão sem sal, sem açúcar

sem sentido e sem sentimentos

tão eu

impotente diante de alegrias e dores

tão humana

entre ingratidões e amores

tão real

feita de todas as cores

as peças se encaixam e,

por alguns instantes,

volto a fazer

SENTIDO

– morri?

...

noi soul

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