felicidade
rasgue a página
quebre a pena
derrame a tinta
o trem da vida já passou
e nos deixou para trás
abraçados em nossos
fracassos
e apaixonados
pelos nossos desgostos
rasgue a carne
quebre os ossos
derrame o sangue
a felicidade do primeiro amor
já passou e nos deixou para trás
rolando na lama da nostalgia
e orando para deuses
cegos, surdos e mudos
feche os olhos
abandone a esperança
dê a mão ao desespero
ao arrependimento
e caminhe pelo chão em brasas
sendo apenas um pedaço do caminho
para as eternas e belas
chamas do inferno
seque as lágrimas
aceite o fim
com graça
com afeição
o sorriso do insano
agora enfeita seu rosto
abrace, ame e proteja
esta nossa
preciosa
odiosa e
amaldiçoada
existência