Cerrando o Portão
(VOZ 1)
Não adianta, minha menina.
Eles jamais pedirão perdão
Por desfolhar as pétalas
Do jardim do teu coração.
Colherão do mel de tua emoção
Se refestelarão
E em banquete saturnino
De lágrimas a ti deixarão.
Duas vezes não pensarão
Antes de enrolar espinhos
Na ponta das palavras que a ti dirão.
Elas se tornam lanças, eu sei.
Minha princesa!
Não sofras.
Não chores.
Te apazigues.
E com ternura
Segue semeando então
De teu portentoso paraíso de prodígios
O terno e fértil chão.
(VOZ 2)
Me encerrarei em meu bosque de sonhos
Onde eternamente é primavera e verão;
Resguardada de desilusões e prantos...
Para sempre cerrarei o portão.
Vá embora
Tu que espalhas caos em meu jardim;
Para sempre te expulso,
Do meu coração te expurgo,
Não mais colherás lágrimas sem fim;
Parta agora.
Te expulso para sempre do meu coração.
(Gênnifer Gonçalves)