NÃO HÁ TEMPO
Já não há tempo
Nunca houve, nunca o tivemos
Vivemos em regressão, regressiva e em desfecho
A porta quase fechada é essa tardia que finda
[ a vida
Não há tempo para nada que se eternize
O olhar que morre contigo
Que mata com a memória
A voz que o vento apaga
Que a madurez desfaz e falece
Não há tempo e eu tive em desperdício
Como quem se crê infinito
Não ensaiei para ti um adeus que é provável como para todos
O tempo que vivi não cultivei a possibilidade de ausência tua
O tempo que se esavai o vejo enfim partir
Partindo meu coração, apressando o passo do fim
Não, já não sei mais o que esperar deste tempo cruel
Que te tira de mim e eu tristemente acompanho
Essa marcha preferindo não te ver morrer
Morrendo antes mas sabendo que viverei mesmo assim
De algum jeito
E o tempo?
Tu não terás mas eu o terei de sombra para chorar
E lembrar-me de ti.