Perdas

Tantas perdas pela vida,

avô, avó, irmão, pai, mãe,

amores, espaços, sorrisos,

a solidão sequer dói mais,

é uma nota triste na melodia,

vivo na resignação dos sábios,

olho através das aparências,

ignoro imagens de falso brilho,

encenações pífias não me afetam,

cada um busca os seus 15 minutos,

seu momento Tik Tok ou Reels,

empobrecimento dos espíritos,

esvaziamento dos corações,

um tronco oco, madeira de cupins,

as perdas ensinam a continuar,

perdas mostram o que vale a pena,

as perdas mais cruéis são as de si,

quando perdes o amor próprio,

quando perdes o brio do orgulho,

quando perdes a consciência de si,

quando aceitas menos que a metade,

quando aceitas um prato de incertezas,

quando te acostumas aos fingimentos,

então, um dia, há um estalo lá dentro,

nesse momento a perda vira encontro,

encontro consigo mesmo, seu reflexo,

encontro de autoamor, de autocuidado,

encontro de auto merecimento,

encontro que te traz uma certeza:

se não houver mergulho em profundidade,

melhor perder para sempre o que é raso.