Entre Sombras e Poesias

Tenho pena de mim,

Não deveria ser assim,

Mas tenho pena de mim,

No olhar molhado, arde em mim,

No sabor salgado na boca enfim

Sinto pena de mim.

E as penas que sinto em meu peito,

Se alastram pelo corpo e me deito em meu leito,

Deixo as penas consumirem meu ser, esperando o fim,

Mas não existe fim para as penas que sinto de mim

Quero dormir, ter um descanso das penas que tenho de mim

Mas os olhos queimam, deixam em mim o salgado gosto do fim.

Mas o fim não veio me buscar enfim,

E me levanto a procurar algum sentido em mim,

Sento-me à cadeira, e espero os versos fluir,

Às vezes fluem tão intensamente que acho que não vai ter fim

Mas o fim logo chega, e me desapego um pouco das penas que sofri

O papel se afoga com as lágrimas das penas que tirei de mim.

Coloco um sorriso no rosto e finjo para os outros

Que não há dor ou desespero em mim,

Mas lá no fundo, existe pena de mim,

Pena por não entender o que a vida quer de mim,

Por não saber se é hora de ficar ou partir,

E se partir, para onde devo ir.

Por isso sigo em frente, carregando minhas penas,

Meus fardos que somente eu posso sentir

Os que caminham comigo, me olham e não podem sentir

Cada um sente suas penas, mas não as que carrego em mim,

As que carrego em mim ninguém pode sentir,

Por isso, a cada passo, sinto pena de mim.