CONFISSÃO
Eu admito, estou cansada
Os dias são todos iguais
Este ar viciado
Estas horas pedantes
Esta droga de amor bandido
… Que não sacia a sede de afeto
Que não faz juras de fidelidade
Que só come a carne,
rói o osso
e parte, sem olhar para trás!
Confesso
Já não dá para ir apenas para não estagnar
E voltar pra casa sozinha
Vazia de sonhos, nua de brio
Depois de provar dessa esmola
Desse abraço frouxo
Desse beijo morno
Desse toque sem ímpeto
… Fingindo orgasmos múltiplos
Gemidos sem razão
Quanta afetação!
Vivência insípida
Borboletas de origami
e margaridas de plástico!
É tudo um poço de dejetos!
E
Eu
Que sonho com céus azuis
Praias brancas
Que morro de poesia
Angariando palavras pro poema
Em poços fundos de utopia
E fantasias mirabolantes…
… Estou me afogando em engodo
Quando minto pra mim mesma
Olhando minha cara no espelho
Pestanejo, baixo o olhar
Fujo de mim.
E eu admito
Confesso
Essa tua companhia está me afogando em solidão.
… Não te sinto!
E ainda assim, sinto tanto…
Tanto amor inútil...!!
Lá fora o mundo gira
Cá dentro, entre estas paredes brancas
Giram meus pensamentos
… E eu confesso
No verso
que estou cansada.