Tragédias do Nada
Tentei tanto ser que não fui
Tentei tanto dominar minha mente
Mas ela por fim me enganou
E me destruiu
Me entreguei a quem nunca amei e nunca me amará
Dei murro em ponta de faca
A tristeza me dominou
O vazio me fez apunhalar uma faca em meu peito
Não há vácuo no universo
Tudo se repete e se repetirá
Quando não há nada melhor para se colocar no lugar além da repetição do absurdo
A vida é sofrimento
E só nós resta amá-lo
Amar a dor
Amar a tragédia
Como quem assiste a um filme ou a uma peça
Beijá-la como se fosse a primeira vez
E de novo e de novo e de novo
até dissolver o pensamento
até que o gosto amargo de seus lábios de morte
se torne doce e suave esquecimento