Rasgos de Lamúrias
Transcendi o pleno ser vivente,
encontrei a luz no fundo do túnel reluzente
na triste tristeza dos olhos amargurados.
procurei ser compreendido pelos corações dilacerados,
suturados com
as linhas oxidadas
de abraços falseados.
Rasguei a alma, perfurei o coração com cada lágrima colhida no olhar desconhecido do sofrimento rotulado de inovação
fui açoitado pelas mãos que me amaram aparentemente,
até ver marcado na pele o tom daquele amor deprimente,
que absolveu todo ar em mim,
fez refém o meu sentir,
encarcerou eternamente o meu sorrir,
sorteou aos quatro ventos o pouco de ser que existia em mim,
despiu minha humanidade,
reduziu-me a um ponto no trajecto,
desfigurou-me a cada golpe de falsidade,
até fazer-me indesejado ser obsoleto
Transcendi o pleno ser vivente,
orbitei a solidão
no caminhar da multidão,
e encontrei aporte nas lamúrias encaixotadas
em cada rosto suado de lágrimas,
irrigado de vazios sorrisos comprados
Rasguei-me em lamentações lamuriosas,
exaltei,
a cada novo golpe imposto,
a voz inquisidora do ser desfigurado,
do ser apunhalado pelas mãos cuidadoras e amorosas!
Transcendi o ser vivente, aprisionado a sete chaves nos
Rasgos de lamúrias!