DISTANTE

minha alma caminha em jejum

pois não existe

tenho vertigens desesperadas

e tudo está sob controle

o controle de

ver tudo e não querer nada

o que será que há por trás de toda esta arquitetura

que o homem construiu com suas próprias mãos

porque estava entediado?

entediado como estou

caminho a esmo

sou um ser avulso e solitário no universo

um vento gelado

acaricia meus cabelos e desaparece

está tão distante

disperso

não posso tocá-lo nem em sonho

vai ver

as construções e o mundo e as montanhas e o mar e todo o raivoso vulcão

estejam fora de sintonia

eu não sei de mais nada

sou eu a desordem

a imperfeição refletida?

tudo está mais uma vez fora de controle

tudo está desordenado

algo no fim do caminho

me faz fixar o olhar sempre em um ponto

mas está distante

e sempre estará

distante

Samuel Perim Sena
Enviado por Samuel Perim Sena em 01/01/2024
Código do texto: T7966539
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