DISTANTE
minha alma caminha em jejum
pois não existe
tenho vertigens desesperadas
e tudo está sob controle
o controle de
ver tudo e não querer nada
o que será que há por trás de toda esta arquitetura
que o homem construiu com suas próprias mãos
porque estava entediado?
entediado como estou
caminho a esmo
sou um ser avulso e solitário no universo
um vento gelado
acaricia meus cabelos e desaparece
está tão distante
disperso
não posso tocá-lo nem em sonho
vai ver
as construções e o mundo e as montanhas e o mar e todo o raivoso vulcão
estejam fora de sintonia
eu não sei de mais nada
sou eu a desordem
a imperfeição refletida?
tudo está mais uma vez fora de controle
tudo está desordenado
algo no fim do caminho
me faz fixar o olhar sempre em um ponto
mas está distante
e sempre estará
distante