Às vezes
Às vezes, tenho medo de mim,
são aqueles momentos escuros,
quando tudo parece ter fim,
é quando eu crio meus muros.
É quando eu me vejo só,
quando tudo perde o sentido,
minha mente toda é um nó,
minha alma, um eterno vazio.
E eu olho e só vejo miragens
que dissolvem ao toque das mãos,
no espelho, até minha imagem
em desprezo me nega o perdão.
As lembranças são apenas borrões,
o depois é só dor e desgosto,
em minha perna, pesados grilhões,
do meu barco já nem vejo o porto.
Sinto frio e me encolho em silêncio,
tudo está tão distante agora,
eu por pouco de pé me mantenho,
um por um eles vão indo embora.
É um ciclo, e quem sabe eu mereço...
Já nem tento entender o motivo,
volta e meia há um recomeço,
nunca, nada permanece comigo.