E a Terra nunca me pareceu tão distante

Meu coração ainda está batendo

Mas os pássaros já não cantam

Os dias continuam correndo

Mas as manhãs já não me encantam

O mar já me pareceu tão fascinante

Suas ondas me soavam liberdade

Ah! Como ele era apaixonante

Desse sentimento ainda tenho saudade

Lembro da beleza do céu estrelado

Do silêncio que só existe durante a madrugada

Do prazer em sentir o sopro do vento gelado

Mas tudo ficou na lembrança, agora nada me agrada

Eu já vaguei nessa cidade caótica e barulhenta

Nesse quadro que mescla o luxo e a miséria

Aprendi que aqui a ganância te adoenta

E o egoísmo é o nome dado a essa bactéria

Um dia eu fui um tolo idealista

Sabe aquele olhar brilhante? De sonhador?

Aquele que nasce de uma alma ativista

Que vê esse mundo doente, e enxerga a cura no amor

Hoje...

Meu pulmão ainda se preenche com ar

No meu peito? Algo ainda continua a bater

Mas antes da minha hora chegar

Todos saberão que eu morri antes de morrer

Eu morri e ainda continuo a respirar

Isso me lembra um ditado, e ele fica de aviso

Espero que quando a morte te encontrar

Ela te encontre vivo

Admito!

Eu sou um morto respirando,

Mas sei que o viver é instante, e o morrer é devagar

Eu sou um morto respirando,

Mas sei que pro vivo o futuro é esperançoso, e pro morto é assombrante

Eu sou um morto respirando,

Mas sei que o vivo sofre no chorar, e o morto no poetizar

Eu sou um morto respirando,

Mas sei que o ar que o vivo respira, pro morto é sufocante

Eu sou um morto respirando,

Mas sei que o vivo vê a vida passar, e o morto sente o tempo não passar

Porém...

Eu já fui um vivo respirando,

Até que um dia olhei pro mundo, e a Terra nunca me pareceu tão distante

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 20/12/2023
Código do texto: T7958160
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