VERBOS APÁTICOS
Gaivotas plainando sobre um mar de safira
Ventos que acariciam a face cansada
Passos dados em direção alguma
Caminhada aleatória
Voz embargada
Hoje não há canção...
Porque o dia cai nas sendas do tédio
As roupas balançam sem utopia nos varais
Saudades sabe-se lá de quê
Solidão que dilacera os ossos
Fadiga abismal nos músculos flácidos
O olhar vaga mais aquém que além
Num tripudiar da melancolia
Numa agonia
Ausência de razão do riso
Juízo fragmentado
E a gaivota ainda plaina lá no litoral...
Porque a vida segue seu curso
Os rios ainda correm
A borboleta azul voa lá no jardim
E a poesia?
Ah, a poesia ainda está aqui
Ainda que cheia de vazios e verbos apáticos.
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