Só Mais Uma Vez

Só Mais Uma Vez

Porque faz-me de teu?

sinto-te em cada fragmento de mim,

sou teu passeio público e privado!

Público quando não posso te esconder

E choro...

Privado quando se faz íntimo no grito

Do silêncio da minha alma

Presente quando escondido na escuridão

Me rendo em lágrimas...

Líquido se faz meu sentir,

Abandonando meus olhos na vergonha

De impotente por não conseguir te vencer

Essa dor tão minha.

Só mais uma vez!

Dói cada pedaço de mim!

Cada osso, carne, pele, cabelos

Tudo enfim...

Sei que não sou único com dor

Nem sei se pode se medir

A dor de cada um em particular

Só sei que meu corpo fatigado pede alívio

Apesar de minha alma não se entregar

E sou só carne e dor...

Eu queria gritar tão alto como um trovão

Talvez assustasse essa minha amante

Que nunca me trai ou abandona

Como queria pelo menos um dia

Uma noite quiçá uma hora sem dor

É pedir demais!

Queria sentir abstinência sim

Ver ela pelo retrovisor num carro veloz

Talvez se tivesse asas conseguiria fugir

Voar pra longe dela sem rumo

Ou como um idoso senil esquecer

Ela dentro de mim

Quem sabe um dia me liberto desse sentir

Quiçá eu acabe com ela no final dos meus dias

E como ela me fez prisioneiro..

Cativo dessa latência sensação no viver

Tenho certeza que serei algoz dela quando

Eternamente prisioneira num esquife

Dentro do meu ser

Quando eu morrer.

Ricardo do Lago Matos

Ricardo Matos
Enviado por Ricardo Matos em 15/12/2023
Código do texto: T7954800
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