*eu*
Anjo com asas presas,
Impedindo de voar,
Anjo cujas amordaças presas
Não conseguem mais gritar!
Gárgula de barro ressecado
Aprisionado pelos grilhões do tempo.
Fárgula triste e esquecido
E escuro e negro corpo!
Incógnito ser
Que isto não quer mais ser...
Aprisionado em sua angústia de concreto
Impossibiliado de viver,
Incapaz de sua vida salvar
E de ver o além-teto!
Verme de viltez
É talvez o que vês
Verme cuja acidez
Corroí tua visceral idéia.
Que corre em tua veia "véia"
De querer que eu seja o que tu és
Lindo limbo liso, riso...
Será meu eterno descanso,
Onde finalmente
Plantarei minha semente
E assim tornar-me-ei o que sou:
A brisa que um dia soprou,
A boca que um dia beijou
E o trovão que um dia
O céu cruzou!