*eu*

Anjo com asas presas,

Impedindo de voar,

Anjo cujas amordaças presas

Não conseguem mais gritar!

Gárgula de barro ressecado

Aprisionado pelos grilhões do tempo.

Fárgula triste e esquecido

E escuro e negro corpo!

Incógnito ser

Que isto não quer mais ser...

Aprisionado em sua angústia de concreto

Impossibiliado de viver,

Incapaz de sua vida salvar

E de ver o além-teto!

Verme de viltez

É talvez o que vês

Verme cuja acidez

Corroí tua visceral idéia.

Que corre em tua veia "véia"

De querer que eu seja o que tu és

Lindo limbo liso, riso...

Será meu eterno descanso,

Onde finalmente

Plantarei minha semente

E assim tornar-me-ei o que sou:

A brisa que um dia soprou,

A boca que um dia beijou

E o trovão que um dia

O céu cruzou!

Paloma Maggiotto
Enviado por Paloma Maggiotto em 28/12/2007
Código do texto: T795036