Singular Efeméride
No aniversário da minha própria solidão,
Caminho pelos corredores do tempo vago,
As velas tremeluzem, um fogo fátuo,
Lembranças que dançam num salão apagado.
Cada ano que se soma, um passo em falso,
A solidão se amplia, qual sombra alongada,
Neste teatro solitário de um ato só,
O palco se estende, a plateia está calada.
Oh, efeméride singular, meu fiel companheiro,
Não são risos, mas ecos de um riso primeiro,
Na sinfonia silenciosa da minha própria festa,
Um banquete de memórias, uma celebração modesta.
As paredes do meu ser ressoam vazias,
Entre suspiros e velas que não se apagam,
No bolo solitário, a chama titubeante,
Reflete as sombras de um passado que deságua.
Cada vela é um ano a mais na jornada,
Um círculo solitário em torno da chama,
Neste altar solene da minha existência,
O tempo é um canto mudo, uma esfinge que clama.
No brinde comigo mesmo, ergo a taça,
Ao encontro comigo mesmo, numa dança sem graça,
E nesta festa única, onde o eu é o convidado,
Brindo à solidão, este destino encantado.
No espelho da alma, o reflexo é só meu,
Neste aniversário solitário, sem adeus,
E sigo, ao som das velas que se extinguem,
Na dança eterna da vida, onde o silêncio atinge.