O poema "Livre" de Cruz e Sousa expressa o anseio pela libertação das amarras terrenas, buscando uma transcendência para alcançar um estado mais puro e próximo da Natureza. O eu lírico almeja a liberdade da matéria que aprisiona a alma, removendo os grilhões que a prendem.

 

Na primeira estrofe, o eu lírico proclama o desejo de ser livre da matéria que é descrita como escrava, buscando romper os grilhões que oprimem. A imagem da "etérea lava" sugere uma purificação, uma transformação da alma para um estado mais elevado.Na segunda estrofe, a liberdade desejada é não apenas física, mas também espiritual.

 

O eu lírico expressa a vontade de se libertar das influências prejudiciais e corruptoras dos corações humanos, especialmente quando estes se tornam agentes da Infâmia. A Infâmia é personificada como bifronte, simbolizando a duplicidade e a degradação moral.Na terceira estrofe, a repetição enfática da palavra "Livre!" reforça a intensidade do desejo de liberdade.

 

O eu lírico almeja a liberdade para viver de maneira pura e próxima à Natureza, encontrando segurança e amor nos Dons que ela oferece.Na última estrofe, o poema destaca a liberdade como meio para sentir a Natureza, desfrutar da universal Grandeza e experimentar preguiças "fecundas e arcangélicas". Essa expressão sugere um descanso pleno, em harmonia com a grandiosidade da natureza e em sintonia com sua essência divina.

 

"Livre" é um poema que exalta a busca pela liberdade como um caminho para uma existência mais elevada, almejando a pureza, a proximidade com a Natureza e a plenitude espiritual. O uso de imagens poderosas contribui para a intensidade e a profundidade do desejo expresso pelo eu lírico.

 

Livre! Ser livre da matéria escrava,

arrancar os grilhões que nos flagelam

e livre penetrar nos Dons que selam

a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.

 

Livre da humana, da terrestre bava

dos corações daninhos que regelam,

quando os nossos sentidos se rebelam

contra a Infâmia bifronte que deprava.

 

Livre! bem livre para andar mais puro,

mais junto à Natureza e mais seguro

do seu Amor, de todas as justiças.

 

Livre! para sentir a Natureza,

para gozar, na universal Grandeza,

Fecundas e arcangélicas preguiças.