Sozinho no monte
Elevei meus olhos para os montes, que aos montes lhe referiram os olhos,
Hoje afirma o meu socorro, ou hoje que eu finalmente morro.,
Guerreiro, assassino, algoz ou executor,
Sou tudo e todos, principalmente ator.
Vários subiram ontem, cada um ao que convém,
Fui no período de caça, apresentar Deus a minha casa,
Apesar da bagunça, havia mudança,
Sempre com um espaço para dança.
No monte haviam pessoas, mas somente via Minh ‘alma desnuda,
Nunca fui pessoa pura, fui buscar a minha cura,
Uma doença volátil e impura,
Seria essa minha preciosa tumba?
Apresentei quadros, móveis com estalos,
Cômodos assombrados, amores passados,
Inquilinos assassinados, noites sem dormir,
O sol ia embora, a noite está por vir.
E nessa casa não tinha fantasmas, eram puras recordações,
Que o medo de perder, me projetaram assombrações,
Prezei teu silêncio, escutei como um trovão,
Esperas minha reação?
A única a me segurar foi a solidão, que não me deixava sozinho,
Mesmo junto a irmãos, todos em cada um de seus vãos,
Pessoas frias de almas calorosas,
E minhas mãos em fervor,
Apesar do inverno em dissabor.
Oh monte, que vomite monte de coisas,
Chorei aos prantos, consolado em teus mantos,
Não fui abandonado, mas me sinto sozinho,
És consolador, mas não sou digno de amor.
Porventura és tão silencioso, sobre meu ser ocioso,
Seria eu um bem precioso, ou um mundo horroroso?
O Sol negro paira, em ira vos persegue,
Mesmo nesse deserto, de certo persevere.
Teu algoz anda cansado, porventura desmotivado,
És meu Senhor amado, me leva deste lado,
Executo com esmero, sou bem severo,
Em meio tanta contenda, eu persevero.
Quantas batalhas logo virão, quantos prazeres me sacrificarei,
Tudo em nome do Rei, que digno nunca serei,
Na sala do trono, morrem de alegria,
Enquanto em vivo o inverso de utopia.
Levantei as mãos, e o Senhor não me levou,
É prova que eu sou guerreiro, e que um dia me amou,
Porventura é castigo, eu me molho sem abrigo,
Eu curto me molhar, mas quando a chuva vai cessar?
Ao monte, com um monte,
A história que lhe conte, sobre um velho conde,
Um antepassado avassalador,
Filho de um horror.
Ao monte eu fui, ao monte lhe entreguei,
De todos desse monte, só eu mesmo retornei,
Deixei ao Senhor pranto, horror, infelicidade e solidão,
Desci pronto para resistir a perversão.
Essa vida é um horror, vista com mero dissabor,
Não há víbora nem ressentimento,
Um leve sentimento, talvez agonia,
De não viver em harmonia.
Não lhe pedi conforto, nem sou merecedor,
Não sou pedinte, sou conquistador,
A tua alegria é meu labor,
Sigo sendo servo do Senhor.
Refrigerou o monte, na brisa leve do verão,
Fez-me alma fria, contra todo esse calor,
A espada, está afiada, a armadura ensanguentada,
Vivendo nessa casca envenenada.
Não sou poeta como Davi, nem sequer sei se lhe agrado,
Uso o coração ensanguentado, a alma despedaçada,
Escrevo cada linha com a alma desnudada,
E a visão lacrimejada.
Talvez daqui mil anos não se lembrarão de mim,
Nem tampouco o que conquistei,
Serei esquecido muito antes,
Mesmo sendo filho do Rei.
Nessa terra não sou eterno,
Como também não quero ser,
A paz que tanto procuro, aqui não encontrarei,
Mesmo sendo filho do Rei.
Setecentos e setenta e sete milhões de palavras seriam necessárias,
Para transbordar a angústia que é viver,
Sobre guerras e conquistas,
Sobre todas as minhas vidas.
Clamo pelo Consolador, anseio teu chamado,
Estou tão cansado, tão irado,
Que não tato o meu passado,
Não me mantenho sorridente.
Esse presente, range o dente,
Mas lanço novamente,
Uma nova semente,
Por favor, me atende.