O riso calado
Ares nobres d'um céu limpo, dourado, que se acostuma
A uma borra de matiz escura esparramada à quina.
A borra sou eu, e bastam já disfarces constrangidos!
É mesmo luxo do eufórico ataviar a miséria!
Posto que pinta-a de rosa e mete-a debaixo d'um cinto
Tão mais semelhante ao látego de couro e de fivela.
Cresce tudo e dançam todos na verdura de domingo,
Ímpar à vinca madura, quase que presa ao concreto.
E este látego dando de açoite o estômago doído,
Na verdade é o tilintar dos brincos e o riso quieto.
(O riso calado).