Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas

Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.

Outono... Rodopiando, as folhas amarelas

Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

 

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,

Visitaste este mar inabitado e morto,

Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,

Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

 

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos

A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...

Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

 

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,

E contemplo o lugar por onde te sumiste,

Banhado no clarão nascente do arrebol...