PONTO FINAL

 

O vento ressoa,

O tempo não perdoa,

 

Nem eu, nem você,

Quando se vê,

 

Rugas, cansaço,

Descompassados passos,

 

Marcas no corpo, no espírito,

Sufocados gritos,

 

Fugacidade,

Conflitos com a intimidade.

 

Quando se vê,

Alma refém do porquê,

 

Quimeras cinzeladas,

Tudo é igual a nada,

 

Estrada sem horizonte,

Desencantada fonte,

 

Desmonte de primavera,

Solidão é o que impera,

 

No ressoo do vento,

No solitário movimento,

 

Do concreto olhar,

Sem motivo para brilhar.

 

Quando se vê,

Despetalado ipê,

 

Um ser à mercê dos danos,

Do tempo soberano,

 

Silhueta esmaecida,

Que passa despercebida,

 

Poesia que ninguém lê,

Quando se vê,

 

Uma angústia descomunal,

Ante o ponto final.