Tua ausência, Pt. III
Acabei abraçando, outra vez, teu pingente.
Aquele, que me deu lá no início de ano, de presente:
"Descansa: você é amado".
E descansei, várias vezes, nessa verdade.
Mas, agora que você se foi e eu, também,
Não entendo mais como é ser amado,
nem pretendo mais compreender, outra vez.
Quisera eu ter feito muitas coisas outras com a intensidade
que aguardava de mim e que eu, por uma ou outra insensatez
de minha parte, me amedrontei. Deixei de lado.
Agora, de fato, pior que a morte é tua ausência.
E nada mais há o que fazer
A não ser aguardar pelo milagre de nossa ressurreição.
Se o amor nunca morre, ainda que morra, viverá,
e trará a nós, novamente, o batimento da ação
de poder amar, uma vez mais, um ao outro, pois vencerá
o amor, se realmente não enganamos a nós mesmos ao querer
alimentar a ilusão que é viver - nós dois - sem o outro.
Eu apenas vou amar você para sempre,
até que a verdadeira morte me arrebate desse martírio... de viver, sem você.
Nada mais há o que fazer
A não ser guardar o amor,
com lágrimas e dor,
de um interminável ardor
da ausência nossa em querer,
lado a lado, viver.