Meu Poema pra Lua

Lua pequena

Brilha lá no céu, tão só

Sozinha, deserta

Traz a tua luz pra minha

chega um bocadinho aqui

Pra perto

Alumia de furar telhado

Alumia meu também deserto

Pássaro noturno

Pia o seu piar incerto

Fez seu ninho no coturno abandonado

De um soldado que lutou

Nalguma guerra boba

Lua solitária, esconde

Onde foi que a loba abandonou filhotes

Onde foi que tanta gente viu

Nessa derrota inglória, a vida

Com o passar do tempo, a noite a esqueceria

E se transformaria numa espécie de vitória

Lua guardiã da Terra, irmã

Cuida de cada semente que germina

E continua triste, infértil e em silêncio

Observa, calada, a tanta incoerência

Toda vez que mês se vai

A cada geração, que aqui termina

Sempre elas terminam

Lua só, perene

Perante a eternidade que desfila

E trilha teu caminho em teu silêncio

Daqui nós a temos, linda!

Como um sorriso de filha, que nunca envelhece

Lindo, de amor verdadeiro

Profundeza da existência

Tendo a escuridão ao fundo

Fria é a ciência do mundo

No seu triste olhar distante

Admira a beleza sem brilho da tua presença

Depois que o Sol nasceu

E os poetas, cujas almas bem trajadas

Na calma de quem traz o coração em trapos

e os grilos, os pássaros noturnos, os sapos e as lobas

E cada sentinela vigilante

Ao longo das eras, ao longo dos turnos

A cada povo a sua vez

Porque sempre existirão coturnos

E farão novo

Meu Deus, que gente boba!

Dirão poesias

Algumas bonitas, profundas

Apesar das poucas linhas

Outras, exibidas por pessoas diplomadas

Extensas, em seus rapapés e rococós

Com frases intensas, rotundas, longas, rebuscadas

Que, se a amiga Lua as lesse

Pensaria que não dizem nada.

Edson Ricardo Paiva.