Sem Fim
A sombra o acolheu como um manto que recaiu sobre os ombros e abraçou de forma a proteger do frio. De maneira íntima, sem reservas ou menção de sua inesperada chegada, regeu seu domínio lhe causando uma tristeza silenciosamente gritante, que sussurrou como quem revela aos prantos os piores segredos. É como uma amante vingativa que não se desfaz do tormento que pode proporcionar, saciando assim seu vulgar e tórrido prazer.
A primeira nota que surgiu dessa nefasta sinfonia foi um peso que sentiu, como se a gravidade o puxasse com determinação tentando o enraizar ao solo. As esperanças se afastaram como pipas ao vento, se tornando somente belas imagens que compõem uma linda paisagem distante demais para alcançar.
Tudo escureceu feito um eclipse que não só se manifestou exteriormente, como também se espalhou por dentro como um veneno negro que tenta desmanchar o que ainda sobrevive com esforço, buscando extinguir as frágeis chamas que o impedem de sucumbir à escuridão.
É uma batalha muda, invisível, árdua e solitária, onde muitas vezes as vitórias possuem um amargor, contudo a derrota ainda é inadmissível e travar essa guerra contínua é a única ação aceitável.
Uma grande guerra sem fim.