Véspera da morte do coração

Perdido na relva da dor

sentenciado a mil anos de prisão

acorrentado a mil naus da ilusão

hoje, na véspera da morte do coração

sinto o ácido a corroer as minhas tripas

em cada desilusão.

Momentos que não voltarão

estrada sem chão

dor que desatina a doer

bomba atômica lançada na alma

peste e rubéola

já não fazem nada

pois a perda do amor

já foi o castigo para esta pessoa desalmada.

Véspera da morte do coração

tristeza e solidão

companheiras de viagem

almas afins

almas perdidas

almas feridas

neste deserto da dor

já não sei quem sou

apenas que a vida

já se desertou.

Poeta de mil vergalhões

naus acorrentadas nos penhascos da desordem

aves carnívoras prontas para o bote

no oceano da iniquidade

sou passageiro do navio da insanidade.

Poeta já fui

hoje sou uma sombra

aquilo que muitos dizem

é o que sou atualmente

uma aberração

sem amor, sem presente

apenas recordações de um passado,

ausente.

Pobre poeta

uns dizem

bem feito poeta, outros dizem

merecido o que está passando

aprendendo com a dor

a professora daqueles que não aprendem com o amor.

Nesta véspera da morte do coração

pedidos e pedidos de rebeldia

assolam este corpo vil

assopram palavras de baixo calão

no que resta da alma que se esvaiu

aos poucos

tomou chá de sumiço

deixou o calabouço

dos destroços deste infeliz ser vil.

Estrada da dor... acompanha a minha alma... por dentro de purgatórios, umbrais, infernos... pois sabe que, na véspera da morte do coração... toda a tristeza corroeu este pobre poeta sem amor e perdão...

Conde Diego O Poeta
Enviado por Conde Diego O Poeta em 20/09/2023
Reeditado em 20/09/2023
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