Livre da Fuligem do Tempo

O coração escorre,

em laivos de dor,

dos olhos vermelhos.

Quero... queria...

asas livres da fuligem

que paira

na bruma da noite...

e tapa meus olhos

de tua visão.

Queria mais um picadeiro

de águas azuis

- sem redes de proteção -

para saltar no escuro

em direção à luz

do fundo do túnel.

Foi a minha

tentativa de morrer

que me deu

um abraço de luz

e me virou

para a guinada

de volta à vida.

Por esse motivo,

hoje quero navegar

fora de mim,

longe dos meus avessos...

de meus trapos

sem suturas...

Por isso,

não me dou mais versos,

não quero saber

da liquidez

das asas do poema,

e, principalmente,

não quero mendigar

migalhas ou pedaços

do que

não me é dado

ter, viver...