Na Calada de Noite

 

Também vaguei pela noite

em pensamentos de tortura

que não compreendo.

 

Olhar o céu escuro e a imensidão do universo

foi como voar sem volta para um mundo

tão meu particular e meio insano.

Meus olhos se esticavam para compreender

as estrelas que passavam em luzes mortas...

 

Como acreditar que o que via já não existia mais?

Talvez seja esse o sentimento que me tomou a alma

quando perguntei sobre seu amor por mim.

 

Será o que vejo, a luz que bate em minha face,

que me acaricia e me beija a luz de um Sol

que já morreu e eu ainda não sei?

Estaria eu confundindo o Sol que amo

com um Sol que acho que seja ela -

essa luz que me toca? E se não for?

 

Se amo uma estrela que já morreu

e se é a sua luz que vejo ?

E por isso que a realidade é áspera a mim?

Porque não é verdadeira, não existe?

É apenas o Sol que morreu,

mas antes deixou outra vida para me consolar?

 

Volto ao princípio, a primeira página

do livro que me viu nascer...

e de lá reinicio a caminhada de sonhos...

É assim que ecos noturnos

reverberam em mim na calada da noite...

com perguntas que não calam...

e que, hoje sei, mas não me conformo,

morrerei sem conhecer as respostas.