Um ensaio sobre destroços
Ao abrir das cortinas
Um ensaio sobre destroços:
Um tanto deles, outros tantos nossos.
Ruínas expostas para o seu entretenimento.
Artefatos esquecidos, quadros que agora desbotam
Um penduricalho enferrujado; uma utilidade que esgota
Mas que não se desfaz pelo agarro
Que tão cruelmente aperta a garganta daqueles
Que lamentam a invalidade
Do que era conhecido.
Tão nu, exposto
Destrinchado em praça pública
Muito a contragosto;
Mas disposto ao doce flagelo da exposição
Pois o medo não surge da dor,
A dor não surge do medo,
São apenas derivações
Do sofrer em solidão.
Juntar poeira, num canto
Detrás de outros, num quarto
De porta fechada, num corredor
De um prédio, num conjunto
Em algum bairro, de alguma cidade
Em algum lugar
Da imensidão.