Um ensaio sobre destroços

Ao abrir das cortinas

Um ensaio sobre destroços:

Um tanto deles, outros tantos nossos.

Ruínas expostas para o seu entretenimento.

Artefatos esquecidos, quadros que agora desbotam

Um penduricalho enferrujado; uma utilidade que esgota

Mas que não se desfaz pelo agarro

Que tão cruelmente aperta a garganta daqueles

Que lamentam a invalidade

Do que era conhecido.

Tão nu, exposto

Destrinchado em praça pública

Muito a contragosto;

Mas disposto ao doce flagelo da exposição

Pois o medo não surge da dor,

A dor não surge do medo,

São apenas derivações

Do sofrer em solidão.

Juntar poeira, num canto

Detrás de outros, num quarto

De porta fechada, num corredor

De um prédio, num conjunto

Em algum bairro, de alguma cidade

Em algum lugar

Da imensidão.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 04/09/2023
Código do texto: T7877357
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.