TARDE DE JULHO
(Ps/585)
Confiro o meu coração
O tempo fez-se oração,
A vida chora nua
No inverno escuro
De silêncio mudo,
De amargura,
Crua e
Só.
O teu olhar sequer perscrutou
a minh' alma suicida
Rumo ao abismo sem magia
Na incerteza da paixão
Que murchou
Sem versos de amor!
Secou pela falta da presença
Do corpo que pede...!
Momentos fálicos,
Disfarces imorais
Do paraíso vivido.
Agora - em profunda decadência.
Fracassado momento.
Fatal!
É a cinza das horas,
O derradeiro sopro,
A vontade desumana
A miséria miserável,
Irremediável,
Intragável,
Intratável!
Fundo do poço!
Há um inverno em mim
Que urge no peito,
Permanente.
Há uma oração branda
No coração sem sonho e
Apenas, sombras.
Há uma parede de solidão,
Um labirinto sem saída.
Teu olhar guardarei,
Noites e dias chorarei,
Madrugadas em branco
Passarei.
E tu nem saberás
Que sem ti
Eu morrerei!