Aplausos

Ninguém te ensinou, então você aprendeu sozinho

A louvável arte de trilhar seu próprio caminho

E outros antigos contos sobre resiliência.

As mazelas, os truques, as sacadas,

Dezenas de maneiras para ignorar a enxada;

Corta-caminhos que vem aos montes.

E você os pega, por cansaço

Por desamparo

Por não ter havido alguém que lhe desse o devido preparo

Ou a vontade de se preparar.

Por ter morrido no próprio fogo, e ressurgido das cinzas

Agora com medo do calor e das chamas;

Suspiros baixos que clamam por clemencia

E não percebe, em sua eterna inocência,

Que divide o espaço apenas com os próprios demônios,

Com outros frutos de sonhos quebrados,

Com outros tantos retardatários,

Correndo dos ponteiros que se aproximam.

Cada volta nos ensina

O que cada revolta deixou de ensinar:

Vivemos no limite do que existe, de fato, a todo instante

Toda instância do que é importante

Validada apenas pelo seu contexto;

E temo em confirmar, que quando atravessam a fronteira

Do que ainda insistimos que seja nosso,

São pulverizadas imediatamente.

E mesmo que pense que posso

Interpretar algo neste teatro inóspito

Sei também que ao apagar das luzes

Não haverá aplausos.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 30/08/2023
Código do texto: T7874224
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