Aplausos
Ninguém te ensinou, então você aprendeu sozinho
A louvável arte de trilhar seu próprio caminho
E outros antigos contos sobre resiliência.
As mazelas, os truques, as sacadas,
Dezenas de maneiras para ignorar a enxada;
Corta-caminhos que vem aos montes.
E você os pega, por cansaço
Por desamparo
Por não ter havido alguém que lhe desse o devido preparo
Ou a vontade de se preparar.
Por ter morrido no próprio fogo, e ressurgido das cinzas
Agora com medo do calor e das chamas;
Suspiros baixos que clamam por clemencia
E não percebe, em sua eterna inocência,
Que divide o espaço apenas com os próprios demônios,
Com outros frutos de sonhos quebrados,
Com outros tantos retardatários,
Correndo dos ponteiros que se aproximam.
Cada volta nos ensina
O que cada revolta deixou de ensinar:
Vivemos no limite do que existe, de fato, a todo instante
Toda instância do que é importante
Validada apenas pelo seu contexto;
E temo em confirmar, que quando atravessam a fronteira
Do que ainda insistimos que seja nosso,
São pulverizadas imediatamente.
E mesmo que pense que posso
Interpretar algo neste teatro inóspito
Sei também que ao apagar das luzes
Não haverá aplausos.