Retrospecto
Encontrei-me retrospecto em meio as rachaduras
Fui tolo em acreditar que eu era forte
Fui tolo em querer sorrir nas tempestades
Fui tolo por querer absorver a tristeza dos de verdade…
Acho que está tudo bem cruzar novamente os infernos
Afinal eu não me encaixo em formato angelical
Mas como eu gostaria de ser perfeito apenas um instante
Mas como eu gostaria de suportar o peso de outra “instante”
São poesias retrospectas em meio a rostos desconhecidos
São dores repetitivas para se fazer uma nova página
A coroa de espinhos para me lembrar do perder
A benção seria a tal angústia de sofrer
Recitarei só em meio a essa chuva
Tudo bem esquecer-me na rua Antonio Pedro
Recitarei sorrindo olhando a lua
Por não ter sido surpreendido pela surpresa
Afinal toda dama que Eros me mostra se chama “dafne”
Desde aquele dia sombrio que pensei no suicidio
Guardo a foto junto a lembrança de teu riso
Tento ser gentil com o capataz que promove meu genocidio
O sério dividiu um copo com o boémio
O lírico percebeu o tom das piadas do brincalhão
Essas personificações criadas a uma crise de identidade
Era a decadência da felicidade que jaz se parte…
Eram olhares retrospectos
Julgando Apolo por ter perdido sua lira
Eram olhares retrospectos…
Nomeados como “sua família”
Perderá teu sol ao Hélio
Seus seguidores caçados por Artemis
Olimpo não quer saber de artistas
E Eros novamente meu coração parte
Eram olhares o tempo todo me observam
Apontando falsas desgraças e me entregando ansiedade
Eu tentei não falhar, de verdade…
Mas o meu erro é ser retrospecto…