Retrospecto

Encontrei-me retrospecto em meio as rachaduras

Fui tolo em acreditar que eu era forte

Fui tolo em querer sorrir nas tempestades

Fui tolo por querer absorver a tristeza dos de verdade…

Acho que está tudo bem cruzar novamente os infernos

Afinal eu não me encaixo em formato angelical

Mas como eu gostaria de ser perfeito apenas um instante

Mas como eu gostaria de suportar o peso de outra “instante”

São poesias retrospectas em meio a rostos desconhecidos

São dores repetitivas para se fazer uma nova página

A coroa de espinhos para me lembrar do perder

A benção seria a tal angústia de sofrer

Recitarei só em meio a essa chuva

Tudo bem esquecer-me na rua Antonio Pedro

Recitarei sorrindo olhando a lua

Por não ter sido surpreendido pela surpresa

Afinal toda dama que Eros me mostra se chama “dafne”

Desde aquele dia sombrio que pensei no suicidio

Guardo a foto junto a lembrança de teu riso

Tento ser gentil com o capataz que promove meu genocidio

O sério dividiu um copo com o boémio

O lírico percebeu o tom das piadas do brincalhão

Essas personificações criadas a uma crise de identidade

Era a decadência da felicidade que jaz se parte…

Eram olhares retrospectos

Julgando Apolo por ter perdido sua lira

Eram olhares retrospectos…

Nomeados como “sua família”

Perderá teu sol ao Hélio

Seus seguidores caçados por Artemis

Olimpo não quer saber de artistas

E Eros novamente meu coração parte

Eram olhares o tempo todo me observam

Apontando falsas desgraças e me entregando ansiedade

Eu tentei não falhar, de verdade…

Mas o meu erro é ser retrospecto…

Alvaro Kitro
Enviado por Alvaro Kitro em 28/08/2023
Reeditado em 28/08/2023
Código do texto: T7872655
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