Sorrindo perante inimigos

Meus olhos voltados ao vazio perdem a noção do tempo

Desejo, esqueço, percebo, me rendo

A vontade de conceder a minha mente autonomia

Sentar no banco de trás enquanto tudo some

Como em um efeito ininterrupto

Meus olhos colidem com meu ego

Vejo detalhes anatômicos se colidindo

Sorrio a ideia de causar dor a algozes injustos

E a vítimas embusteiras armadas

Não aceito menos que pisar

Sua voz sufocando embaixo dos meus pés

Sobre seu orgulho e expectativa

Desejava respeito falando com eloquência e força?

Sinto muito, mas eu não sou tão impressionável

Teria que atravessar em seus olhos nada menos

Que uma chave de fenda para entender

Que o medo ensinou-me que vale mais ter garras

Que ser dilacerado pelas presas de meus inimigos

Valia-me de amor como sonho sublime

Mas a falha de conviver por exercer excesso de bondade

E causar suspeitas mesmo com o mais genuíno gesto

Amor, bondade, gentileza, por fim fraquezas

Que me impedem de derrubar as barreiras

Levantadas todos os dias por atos falhos

Sinto desgosto pela figura que se tornou

Definhando em desertos de fogo e gelo

Eu não aceito nada menos que me devore

Eu não tenho direito a amanhecer em prantos

Eu sou só um ciclope olhando um mundo cego

Nada de que eu me orgulhe

Apenas pessoas impuras

Procuram

Afundam

Afrouxam

Perante o sofrimento para soluções confortáveis

Mas desde que procurar em olhos alheios um sonho

Me causou sofrimento

Eu canto o canto das gargantas rasgadas

Não há uma alma que acredite que eu vi

Do vazio as ondas sombrias em acordes a profecia

Da processão dos amargurados que me espera

Em direção ao túmulo, arrependido de uma vida sem autonomia

Psycho Vincent
Enviado por Psycho Vincent em 17/08/2023
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