O dia

Você nem sabia,

Quando acordou, ao anoitecer

Que o dia chegou, passou e foi embora

E você o perdeu por completo.

Você nem sabia, enquanto roncava

Que chegava o dia que eu sempre disse

Uma certa impaciência, um teste de influência

Pegadas leves para não fazer barulho.

A porta bateu, você mexeu, mas não acordou

Tudo estava como ficou

Mas você nem notou.

Você não viu, pois se levantou e já dormiu

Que o dia passava como um trem bala em sua janela

Ele buzinou, tremeu a estrutura; rodas em vias metálicas

Mas sua ignorância letargica não permitiu ecooar

As dezenas de sinais para te acordar

Deste sonho diurno que você insistia em fabricar.

Quando abriu os olhos, o dia já estava para findar

O trem já tinha passado, as coisas haviam mudado

E você não estava lá para presenciar

Mesmo que de corpo presente;

Sua mente, tão disposta a divagar

Tão disposta a encontrar soluções

Em meio a soluços e invenções;

Tão disposta a acreditar, a se agarrar num fio de esperança

Tecendo com ele o seu mantra

Que tão confortavelmente te esquenta nesta noite fria

E solitária.

João G F Cirilo
Enviado por João G F Cirilo em 15/08/2023
Código do texto: T7861867
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