O dia
Você nem sabia,
Quando acordou, ao anoitecer
Que o dia chegou, passou e foi embora
E você o perdeu por completo.
Você nem sabia, enquanto roncava
Que chegava o dia que eu sempre disse
Uma certa impaciência, um teste de influência
Pegadas leves para não fazer barulho.
A porta bateu, você mexeu, mas não acordou
Tudo estava como ficou
Mas você nem notou.
Você não viu, pois se levantou e já dormiu
Que o dia passava como um trem bala em sua janela
Ele buzinou, tremeu a estrutura; rodas em vias metálicas
Mas sua ignorância letargica não permitiu ecooar
As dezenas de sinais para te acordar
Deste sonho diurno que você insistia em fabricar.
Quando abriu os olhos, o dia já estava para findar
O trem já tinha passado, as coisas haviam mudado
E você não estava lá para presenciar
Mesmo que de corpo presente;
Sua mente, tão disposta a divagar
Tão disposta a encontrar soluções
Em meio a soluços e invenções;
Tão disposta a acreditar, a se agarrar num fio de esperança
Tecendo com ele o seu mantra
Que tão confortavelmente te esquenta nesta noite fria
E solitária.