Invisível
Os caminhos que me trouxeram aqui,
entre vielas e travessas, ruas e avenidas,
uma selva de metal retorcido,
perpassando um agreste queimado,
são ecos de barulhos confusos,
isso sou eu e não sou eu,
feito de barro e concreto,
esculpido no bronze de um galpão,
armazenado no saguão de um edifício,
órfão de um mundo sem familiares,
PhD, internacionalização, prêmios,
dramatizando uma falsa sociabilidade,
invisível aos olhos da multidão,
quem me conhece, não me vê,
quem me vê, não me conhece,
na contramão do absurdo,
contradição de significados,
silêncios e isolamento me representam,
uma angústia que grita no peito,
um giro de 360° sem fim,
tudo parece desfocado,
me perguntado qual o rumo,
a orientação dessa alma atormentada,
sem mapas ou bússolas,
não há soluções tão claras,
não há protocolos à apresentar,
não há fórmulas à desenvolver,
nada é tão simples como a complexidade,
sombra noturna, sol diurno,
não tento me descrever,
falho miseravelmente,
tudo o que sou é mistura e poesia,
um personagem sem rosto,
anti-herói que salva e destrói,
arauto em terras estrangeiras,
de uma verdade escondida,
oceano de rios e mares sem peixes,
areia na ampulheta do tempo,
música e filosofia, cara e cora,
caos e ordem, sonho e pesadelo,
não decifrável, porém rastreável,
analisando o mundo do alto de uma cobertura,
decidindo se pulo para um voo,
ou se desço no elevador para fingir normalidade,
não há respostas fáceis, quando se queima por dentro,
luta-se contra o fim com inícios todos os dias,
no roteiro de um drama de cenários mutáveis,
só alerto "se proteja", "se proteja", "se proteja",
mas sou eu quem me machuco na dissolução dos sentidos...
*Always and Forever