O espelho do corpo (I)
Fotografia e edição: Lorena Borba
O corpo é reflexo
Espelho e exposição
Da omissão e excesso
Ao abafar o grito
Em falsear o sorriso
Quando descoloriu o encanto
Os dias transformaram-se
Em pedra,
Espinho e lama
Tornaram-se lentos
E efêmeros
Pesando
E, afundando-lhe os ossos
Doía-lhe as pernas,
Braços e pescoço
Os olhos tontos,
Envolto de míopes imagens,
Dificilmente abriam-se,
E a voz, escondeu
Na caverna da garganta
Os pensamentos hibernaram
E esses ruídos
Ao atingirem os ouvidos
Dançaram em torno,
Suaves como o vento
Não era capaz
De sentir incômodo
Inebriada,
Adormecia
Em profundo sono
O alimento não tinha sabor
E o atrativo
Continuava sendo
o repouso contínuo
A sede não desejava
E forçava a si,
Alguns goles de água,
Sem fome, abria a boca
Empurrando colheradas
Que custavam
Longas mastigadas
Vontade era em cobrir o corpo
Em um lençol fresco e fino,
Apoiando um dos lados
Da pequena e delicada face,
Em um confortável travesseiro
O corpo clamava
Suplicava
Gritava e adormecia
Enquanto o dia
Era laranja pra Maria,
Nascia verde para o Seu José,
Dona Joana amava o azul claro
E o cansaço ansiava
Pelo preto e cinza