O espelho do corpo (I)

Fotografia e edição: Lorena Borba

 

O corpo é reflexo

Espelho e exposição

Da omissão e excesso

Ao abafar o grito

Em falsear o sorriso

Quando descoloriu o encanto

 

Os dias transformaram-se

Em pedra,

Espinho e lama

Tornaram-se lentos 

E efêmeros

 

Pesando

E, afundando-lhe os ossos

Doía-lhe as pernas,

Braços e pescoço

 

Os olhos tontos,

Envolto de míopes imagens,

Dificilmente abriam-se,

E a voz, escondeu

Na caverna da garganta

 

Os pensamentos hibernaram

E esses ruídos

Ao atingirem os ouvidos

Dançaram em torno,

Suaves como o vento

Não era capaz

De sentir incômodo

Inebriada,

Adormecia

Em profundo sono

 

O alimento não tinha sabor

E o atrativo

Continuava sendo

o repouso contínuo

 

A sede não desejava

E forçava a si,

Alguns goles de água,

 

Sem fome, abria a boca

Empurrando colheradas

Que custavam

Longas mastigadas

 

Vontade era em cobrir o corpo

Em um lençol fresco e fino,

Apoiando um dos lados 

Da pequena e delicada face,

Em um confortável travesseiro

 

O corpo clamava

Suplicava

Gritava e adormecia

 

Enquanto o dia

Era laranja pra Maria,

Nascia verde para o Seu José,

Dona Joana amava o azul claro

 

E o cansaço ansiava

Pelo preto e cinza

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 25/07/2023
Reeditado em 25/07/2023
Código do texto: T7845997
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.