RAP DA CANDELÁRIA
Senhoras, senhores estou aqui
Pedindo atenção só por caridade
Não por mim mas por esses guris
Abandonados e mortos pela nossa cidade
Tanto descaso, blá-blá-blá, enrolação
Mas quem aparece para dar solução?!
O tempo não para mas nada mudou
E desde então quanto sangue jorrou
Anjos dormiam sem que nada faziam
Sem que o pior pudessem imaginar
Anjos da morte a seus encontros seguiam
Estando há tempos a lhes espreitar
Mais de oito corpos lá naquela calçada
Numa casa sem tento onde não tinham nada
Nenhuma assistência, zero atenção
Na rua dos bobos que é feito o povão!
'Eu vi o menino correndo...
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol
É a estrada
É o tempo
É o pé
E é o chão'
O tempo não para e o problema cresceu
Se multiplicou e no país se expandiu
Tanta chacina... a barbárie se deu!
De menor ou maior pelo nosso Brasil
Capitães de areia, cimento e papelão
É o sol, é a estrada, é com seus pés no chão!
Olha aí, olha aí, ai os nossos guris!
'Brincando de pique' com a polícia e os civis!
Na candelária, Vigário, o horror sob os céus
Dizei-me Senhor, se é loucura... ou verdade?!
São as mazelas de um país tão cruel
Nos perdoe Senhor tamanha barbaridade!
Tanto abandono, sem carinho ou amor
Me perdoem suas vítimas, que eles são também...
O tempo não para mas nada mudou
Cem anos de impunidade sem perdão. Amém!
'Eu vi o menino correndo...
Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta
Aquele que conhece o jogo
Do fogo das coisas que são
É o sol
É a estrada
É o tempo
É o pé
E é o chão'
'Chorus'
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